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Acerca de

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Como nasceu o Sombras & Assombros

O projeto Sombras & Assombros nasceu com a missão de apresentar aos novos pequenos leitores um convite de incentivo à valorização, entusiasmo e respeito à riqueza de nosso folclore e narrativas orais por meio da brincadeira de teatro de sombras. Traz alguns dos personagens mais mal-assombrados da cultura nordestina, em especial a pernambucana, nesta primeira edição que tem incentivo do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura PE). Comadre Fulozinha, Cabra-Cabriola, Papa-figo, Perna Cabeluda, Mulher da Sombrinha e Nego d’Água tomam forma em fantoches de papel para destacar e montar, projetados sob a luz de lanternas nas paredes de casa em noites de “causos” e contações de histórias entre pais, filhos e amigos.

 

Histórias de mal-assombros sempre povoaram a mente humana e de nossa cultura em particular. Demônios, vultos e espíritos do mato — investigados e apontados pela antropologia de Câmara Cascudo, Gilberto Freyre e tantos outros estudiosos —, são também formas arquetípicas do imaginário popular para pontuar seus desejos e angústias. Do mesmo modo, por vezes ensinam caracteres edificantes para o convívio e a vida em sociedade. Obediência aos pais e bom comportamento, não falar com estranhos, respeito às forças da natureza, o certo e o errado... valores que a sabedoria popular traz às crianças por meio de personagens folclóricos e suas mágicas aparições, perpetuados antigamente (e ainda hoje em rincões das fazendas do interior do Estado) em conversas ao pé do fogo, nos contos de exemplo e contos de encantamento, onde o maravilhoso e a exemplaridade são assimilados por ouvintes ou leitores atentos.

Testando caminhos para as imagens e formas:

Desenvolvimento psico-pedagógico

É a infância o período em que também os nossos medos, sombras e monstros muitas vezes não possuem forma definida. A Psicologia e a Pedagogia sustentam que a fantasia da brincadeira e leitura das histórias infantis, sejam contos de fadas ou folclóricos, permite que as crianças consigam traduzir suas realidades, identificando-se simbolicamente com o faz-de-conta — como narradoras e autoras — para eliminar parcial ou inteiramente seus conflitos e frustrações. Ao exteriorizar seus processos íntimos em brinquedos ou personagens e suas relações, passam gradativamente a ter domínio sobre eles próprios e a incorporar aspectos muitas vezes complexos, inaceitáveis e contraditórios de si mesmas, lidando com suas emoções. Fantasias secretas ou depreciadoras podem ser faladas abertamente, sem culpas. E assim constroem suas personalidades, superando os medos que as inibem e aprendendo a enfrentar os reais perigos à sua volta até a vida adulta e o amadurecimento.

 

O divertimento com as marionetes em teatro de sombras propostas neste projeto pode se configurar como um ótimo viés — estimulando a imaginação, criatividade e memória —para as crianças lidarem com essas sombras (reais e simbólicas) do universo infantil, por meio das histórias mal-assombradas. Na projeção da figura do fantoche que seguram, passarão a identificar ludicamente o desconhecido através de uma forma de representação visual e, mais importante, de maneira controlável em suas próprias mãos. A linguagem da representação, como diria Nelly Novaes Coelho, tem assim o poder de concretizar o abstrato e o indizível.

 

A teatralidade da brincadeira com sombras, aqui, leva-os também a livres associações criativas em relação à história, no caminho da compreensão de si próprias e às coisas tangíveis do mundo real. Ao brincar com as sombras, a criança se apropria do papel de ator e animador, em uma redescoberta do escuro que abre espaço para a ilusão, transformação e encantamento, como de fato é a origem do Teatro de Sombras, arte milenar de origem oriental ligada à mitologia desde sua origem. A dramatização dos personagens folclóricos em marionetes há de estimular também a oralização, comunicação e interação em público, associando ainda a diversão do brincar aos conhecimentos culturais. A aprendizagem vira um jogo, que é apenas o portal inicial para que busquem aprofundamento nas muitas outras lendas e histórias de nossa cultura, gerando ainda mais sede de conhecimento e hábito de leitura de maneira inventiva.

 

Em paralelo, noções físicas e matemáticas também tomam vez neste brincar. Claro e escuro, profundidade de planos, proporções da sombra projetada longe ou perto, relações espaciais e de correspondência entre a fonte luminosa, o fantoche e a sombra, sobreposição e bidimensionalidade das formas, para citar alguns.

 

Projeto gráfico como diferencial

Tratado sobretudo como uma peça de design gráfico, o kit compartilha características de natureza de encantamento lúdico e ampliação do imaginário, mais do que literária. Apresenta a estética da brincadeira com sombras como um incentivo ao espírito criativo infantil, ampliando o seu repertório visual.

 

O projeto tem inspiração no estilo popular das xilogravuras de cordel, tanto nas marionetes em papel quanto nas ilustrações. Aliás, esta semelhança de linguagens foi justamente um dos motivadores da investigação a que se propôs inicialmente: afinal, as silhuetas marcadas pelo talho em madeira que resultam em imagens com jogo de claro e escuro bem definidos da xilogravura não são mesmo parecidas com as características necessárias para uma projeção apropriada e o reconhecimento das formas das sombras a partir do foco de luz no teatro de sombras?

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©2022 Sombras & Assombros (TM)    ISBN 978-65-993325-3-1

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